Notas físicas de dinheiro em quarentena, adoção de pagamentos digitais por gerações mais velhas, aceleração do desenvolvimento de Moedas Digitais de Bancos Centrais. Uma reflexão sobre como os pagamentos digitais podem ajudar a superar desafios globais do Covid-19.
Prateleiras vazias, fronteiras fechadas, circuit breakers subsequentes, aulas canceladas, cidades tomadas por macacos famintos abandonados pelos turistas e muita infodemia. Nos últimos dias, praticamente todas as pessoas do mundo tiveram seus cotidianos afetados pelo Covid-19. E as consequências são inimagináveis.
O vírus deixou claro a interdependia da cadeia de suprimento global, a dificuldade de se isolar e mostrou como as tecnologias podem ser aliadas para lidar com pandemias. A medida que o Covid-19 se propaga, também se alargam seus efeitos na economia. As interrupções na cadeia de suprimento e a falta de perspectiva clara sobre a pandemia desencadearam venda massiva de ações em todo mundo. Nas últimas semanas, 10 bilionários perderam um total de aproximadamente US$ 83,4 bilhões.
Até as ações mais estáveis e em constante crescimento do mundo despencaram. Depois de atingir o maior nível histórico em 30 de janeiro, a capitalização de mercado da Microsoft caiu drasticamente depois que a empresa de software alertou que suas vendas no primeiro trimestre de 2020 não atenderão às expectativas, devido ao impacto que o coronavírus está causando em seus fornecedores e fabricantes de PCs na China.
Três quartos (74,6%) dos internautas norte-americanos disseram que provavelmente evitarão shopping centers e locais de aglomeração se o surto de coronavírus no país piorar e mais da metade evitará lojas em geral. O varejo físico compreende quase 85% das vendas de varejo dos EUA.
No Brasil a situação é semelhante. A B3, abriu em forte queda nesta segunda-feira (16). Às 10h24, o Ibovespa caía 12,53%, a 72.32 pontos, quando foi acionado o “circuit breaker”. Esta foi a 5ª vez em 6 pregões que as negociações foram interrompidas na B3. A boa notícia é que mesmo em países como o Brasil, em que o presidente desconsidera as recomendações do seu próprio governo e aparece em manifestação, a tecnologia está ao nosso favor.
A Guinada dos Pagamentos Digitais contra o Coronavírus
Em um evento pandêmico como o Covid-19, é importante observar que os prejuízos não são lineares. Mesmo que a doença seja controlada, teremos que lidar com suas consequências econômicas.
Inúmeras soluções tecnológicas estão sendo utilizadas para mitigar os efeitos econômicos e de saúde do coronavírus. Podemos citar a acelerando adoção de startups como Slack e Zoom e gigantes estabelecidos, como Google e Microsoft, na oferta de ferramentas para home office.
O uso do aplicativo Sammi pelo Governo da Coréia do Sul para monitorar os visitantes procedentes de áreas de risco. A triplicada do volume de encomendas pela empresa de entrega Ninja Van ou a demanda sem precedentes da RedMart para entrega de suprimentos em casa.
Mas queremos destacar as soluções de pagamentos digitais para o supervírus Covid-19:
A Coréia do Sul está colocando em quarentena todo o dinheiro recebido no banco central por duas semanas antes de desinfetá-lo e colocá-lo novamente em circulação. A China está empreendendo esforços parecidos para restringir o dinheiro potencialmente infectado e imprimiu 4 bilhões de yuans (cerca de US$ 572 milhões) em novas cédulas.
O Federal Reserve também começou a separar as notas de dólar vindas da Ásia por 7 a 10 dias, antes de colocá-las em circulação. Como solução à infecção por contato com dinheiro, a Organização Mundial da saúde recomenda o uso de carteiras digitais e pagamentos por aproximação.
“Nós sabemos que o dinheiro troca de mão frequentemente e pode acumular todos os tipos de vírus e bactérias. Nós aconselhamos que as pessoas lavem suas mãos após o manuseio das notas e evitem levar as mãos ao rosto e, quando possível, usar meios de pagamento sem contato.” — Organização Mundial da Saúde.
Durante o surto de Covid-19, a Alipay lançou uma campanha incentivando desenvolvedores miniprogramas que atendessem às novas necessidades criadas pela pandemia. Uma semana após o lançamento da campanha, 181 miniprogramas foram criados, incluindo programas para entregas de mantimentos sem contato, atualizações que permitem aos provedores de serviços explorar o tráfego da Alipay; suporte da Alipay e 50.000 fornecedores independentes de software para digitalizar operações e mais.
O evento cisne-negro Covid-19 e as transformações no setor de pagamentos
Adoção das gerações mais velhas aos pagamentos digitais
Ogrupo de risco do novo super vírus é exatamente grupo que tradicionalmente tem menos adesão às novas tecnologias. Os millennials sempre foram os responsáveis por impulsionar a adoção dos pagamentos digitais. Eles fazem compras, enviam dinheiro e pagam suas contas utilizando seus smartphones. Mas como a pandemia afetará a vida das gerações mais velhas de forma mais drástica, podemos observar uma mudança no comportamento dessa população, rumo a aceleração da digitalização. Após o desaparecimento do surto, esse comportamento deve se manter. esperamos a aceleração da curva de adoção dos pagamentos digitais, atraindo clientes que, de outra forma, continuariam usando dinheiro.
Incentivo ao desenvolvimento das Moedas Digitais do Bancos Centrais
Nós temos um artigo completo falando sobre o desenvolvimento das Moedas Digitais dos Bancos Centrais. Esse é um tema que temos prestado muita atenção e inclusive já desenvolvemos uma POC para o Banco Central do Brasil sobre o uso de DLT para pagamentos instantâneos. Acreditamos que um vírus que possa ser transferido em dinheiro físico, acelere a tendência de digitalização da economia.
Aumento significativo dos pagamentos e serviços contactless
Ospagamentos por aproximação, também conhecidos como pagamento CONTACTLESS, já são realidade no Brasil e no mundo. De acordo com a Juniper Research, os valores das transações por aproximação no EUA devem aumentem a uma taxa ainda maior do que no mercado global, atingindo US$ 1,5 trilhão em 2024. Mas além do pagamento por aproximação, estamos vendo um aumento da procura por empresas que oferecem opção de entrega sem contato. Empresas como Instacart e Postmates anunciaram o lançamento e melhorias em suas opções de entrega sem contato como forma de mitigar a exposição ao COVID-19. O resultado foi um aumento em 10 vezes das vendas do Instacart no início do mês.
O que aprendemos com isso?
Essas mudanças precisarão começar com uma simples reafirmação de nós mesmos. Ou seja, um lembrete de que os sistemas sociais e econômicos que construímos estão lá para nos servir, e não o contrário. Dentro da vasta complexidade que agora vivemos, precisamos encontrar novas maneiras de voltar um ao outro. Novas maneiras de priorizar aqueles que nos rodeiam acima da tela do telefone, do feed de notícias e do preço das ações. — David Mattin
Na Swipe, a construção de um futuro melhor sempre norteia nossas decisões. Eventos como o Covid-19 deixam cada vez mais claro interconectividade como um valor que não deve ser perdido de vista. E com essa interconectividade, devemos lidar com o desafio crescente da complexidade dos sistema.
Os novos problemas sociais, tais como aquecimento global, pandemias e escassez de recursos não respeitam fronteiras e da mesmas forma, suas soluções devem ser globais. A Swipe está comprometida com a criação de um mundo aberto, conectado e focado em interoperabilidade. E nós acreditamos que os pagamentos digitais além de uma tendência mundial é uma forma eficiente de enfrentarmos problemas complexos da nossa nova sociedade.
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